sábado, 23 de janeiro de 2016

A Casa Mal Assombrada



Bom, depois de ler alguns contos tomei coragem para narrar uma pequena experiência sobrenatural que tive no início de minha adolescência. O fato que passo a narrar é inteiramente verídico, porém, a crença na sua verdade pode não ser aceita por todos.
Era inverno e a nossa excitação era intensa. Estávamos nos mudando para uma nova casa, em uma cidade diferente da que havíamos morado nos últimos anos. Eu estava com doze anos e via meus pais e irmãos encaixotar nossas coisas alegremente. Nossa nova residência era um casarão antigo muito maior que a casa em que morávamos. O terreno era enorme e possuía um bosque com árvores frutíferas, um velho paiol e até um pequeno olho de água.
Nossa família era grande e composta de nove pessoas. Meu pai, minha mãe e sete irmãos sendo duas mulheres e cinco homens. Chegamos à nova casa e nos acomodamos da melhor forma possível. Eu dividia o meu quarto com meu irmão mais novo e passávamos o dia brincado e explorando o local.
Tudo ia bem em nossa nova residência até o dia que começamos a escutar sons estranhos. De nosso quarto ouvi, no meio da noite, murmúrios. Algo como leves sussurros que lembravam a voz de crianças brincando. Acordei meu irmão para que ele ouvisse aquilo. Ele despertou e também escutava o som de crianças brincando na nossa sala e no grande corredor que ligava os quartos. Em nossa família não existiam mais crianças que pudessem estar ali. Apavorados nos abraçamos e ficamos ouvindo aqueles sussurros. A noite foi passando e aos poucos o som foi parando e , apesar do medo, adormecemos vencidos pelo sono.
No dia seguinte contamos a história para nossos pais e irmãos, porém todos disseram que havíamos sonhado e nada daquilo tinha sido real. Nas próximas noites continuamos a ouvir os barulhos. Com o passar dos dias os sons foram ficando mais altos, mais nítidos. Parecia que as crianças corriam pelo corredor, rindo e brincando. Às vezes algumas batiam com as mãos na porta de nosso quarto, fazendo eu e meu irmão darmos pulos de susto. A madeira antiga rangia com os passos acelerados no corredor. Eu, sendo mais velho tentava disfarçar o medo para não assustar o meu irmão que chorava sem parar.
No corredor, ouvia – se as crianças rindo, gritando, a madeira do piso estalava com os pequenos passos das crianças. Tomado por uma súbita coragem me dirige até a porta e coloquei a mão na fechadura com a intenção de abri-la, porém, tapas e socos na madeira da porta extinguiram a minha valentia. Decidi olhar pela fechadura e ver o que estava acontecendo em nosso corredor. Me abaixei , tirei a chave e coloquei o olho no buraco . Então, vi um vulto negro e um assopro atingiu o meu olho me trazendo arrepios na espinha. Tive calafrios. Nunca uma sensação havia dominado o meu corpo dessa forma. O terror era intenso. Corri para a cama e fiquei orando, pedindo que aquilo parasse. Os barulhos continuaram até o dia amanhecer, cessando com os primeiros raios de sol que iluminaram a casa.
Na manha seguinte, assim que ouvimos o som dos quartos se abrindo e a voz de meus pais , saímos do quarto e ,com a família reunida, contamos o que havíamos passado. Desta vez , para nossa surpresa ,outros de nossos irmãos disseram que também haviam ouvido o barulho. Meus pais se olharam de forma estranha. Apesar de no momento não admitirem eles também escutaram a algazarra noturna.
Neste mesmo dia meu pai foi investigar quem eram os proprietários anteriores do casarão e descobriu que antigamente a casa tinha sido habitada por uma família composta por um pai viúvo e quatro crianças. Este senhor, devido a um momento de loucura gerado pelas saudades de sua esposa e a falta de emprego havia assassinado todos os seus filhos. Ele fora preso e posteriormente morrera na prisão.
Os espíritos das crianças continuaram na casa, a assombrando e brincando todas as noites.
Logo nos mudamos e nunca mais ouvimos falar do velho casarão. Porém esta experiência marca a nossa a vida até hoje. As vezes o som da madeira rangendo me traz as lembranças do acontecido naquele inverno e um calafrio percorre a minha espinha.
Conto recebido por e-mail.
Autor: Silas Dias.

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